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Para te deixar com vontade, é assim que o escritor/fotógrafo Dave Sparkes resume o país e seu efeito sobre o grupo... “Esse lugar foi conquistando a gente como o passar dos dias. Quase que imperceptivelmente, sua beleza sutil emergia de nossas impressões iniciais de um deserto empoeirado. Aqui há uma magia discreta que se infiltra gradualmente em você. Há uma crescente valorização da existência interior por aqui, com todas as frescuras supérfluas queimadas pelo sol e rasgadas pelas pedras com suas pontas cortantes e pontiagudas. Mas também é fascinante. Há espetaculares bosques de cactos com dezenas de espécies diferentes vivendo em meio as florestas espinhosas. A diversidade de cactos nesses bosques é surpreendente: altos, corpulentos, lisos, espirais, esféricos, com todos os tons de verde e espinhos de todos os calibres, desde finos como fios de cabelo até punhais grossos como facas afiadas. Eles são cobertos muitas vezes por flores multicoloridas e se parecem com a obra de um artista com um senso de humor maligno, mas com um olhar brilhante para o design.

Por mais perfeita que pareça, esta foi uma daquelas sessões que você pensa: “Se essas ondas estivessem só um pouco maiores”... Apesar disso ela é muito longa e manobrável - uma onda que você pode simplesmente poderia ficar horas surfando. Uma onda que você poderia compartilhar com seus amigos, por horas e horas a fio.
Apresentamos Noah Wegrich. Um garoto de Santa Cruz que gosta de bacon e de garotas. Um goofy footer tranquilo - ele adora o surf do Matt Wilko e a maneira como ele surfa durante as etapas do Circuito Mundial. Quando você assistir ao clipe, repare que é o Noah fazendo a narração. Ele sabe surfar e também sabe contar boas histórias ao redor da fogueira. Certamente você ouvirá falar dele em um futuro próximo.

Noah não segue linhas convencionais o tempo todo. Ele gosta de improvisar. Que tal um hang five no bico da prancha dentro do tubo com a mão na borda?

“Procurávamos as melhores ondas todos os dias, montávamos o acampamento à noite e desmontávamos no dia seguinte. Mas tudo bem, eu gostava dessa agitação e de surfar ondas diferentes todo dia”.
Diversificadas em muitos aspectos, as pranchas de Noah foram compartilhadas ao longo da viagem entre os rapazes. Ele gosta de surfar ondas diferentes com pranchas diferentes.
Noah prepara a decolagem.
Algumas das histórias contadas ao redor da fogueira do acampamento eram bastante animadas. Oito homens no deserto sempre ficarão irreverentes e estridentes após algumas cervejas e, infelizmente, as melhores histórias deverão permanecer em segredo, ou pelo menos anônimas.
Dillon Perillo, que por tantas vezes foi a estrela das viagens no Projeto The Search, está acostumado e sabe que não é todo dia que as ondas estão perfeitas. Ele já entende que esperar a hora e a condição certa requer paciência. Coisa que os novos garotos ainda vão aprender durante as próximas expedições da Rip Curl em busca de ondas perfeitas e isoladas.
O melhor surfista de Malibu, Dillon Perillo, nunca passa muito tempo em casa. Ele está sempre viajando e melhorando seu surf. Ele tem uma cavada suave que serve para concentrar energia para o que vem depois... suas rabetadas contorcidas forjadas nas longas linha do point de Malibu.
Aqui está ela... capturada no momento certo, quando as quilhas já não são suficientes para segurar toda pressão que esse californiano tem no seu surf.
As perfeitas direitas de Malibu também ensinaram a Dillon que o surf de borda não pode ser deixado de lado.
“Olha tem um câmera ali, vou passar o mais próximo possível dele...” Sempre exibicionista Dillon sempre quer chamar atenção dentro d´água.
Encontramos ondas de qualidade nessa viagem, mas descobrimos muito mais sobre nós mesmos. Os extremos daquele ambiente significavam que somente as adaptações mais perfeitas sobreviveriam. Com nossa falta de preparo para enfrentar aquele árido local, fomos reduzidos à nossa insignificância em comparação com aqueles que realmente pagaram o preço da adaptação.
No meio do caminho nossa enorme caminhonete F350 atolou no meio da praia e afundou completamente na areia molhada. O que pensávamos ser apenas areia molhada havia escondido essa lama traiçoeira, e com as rodas girando em falso, notamos que a coisa era pior do que areia movediça. Começamos a recorrer a todos aqueles ineficazes procedimentos padrão: murchar os pneus; empurrar o carro todos juntos; cavar em volta das rodas, etc. Os pneus giravam em falso produzindo jatos de lama e areia. O veículo era muito pesado e havia realmente afundado. As ondas estavam começando a chegar nas portas e a ajuda estava a muitos quilômetros de distância. Depois de muito esforço, pensei. “Bom pelo menos isso vai dar uma boa história. Trata-se apenas de um carro alugado e ainda bem que fizemos o seguro”.
Só os fortes sobrevivem no deserto...
Em nosso segundo dia, chegamos a uma pequena ribanceira que tinha outra boa e divertida direita quebrando em direção a uma praia de pedras. Durante um final da tarde exuberante com uma linda luz dourada refletindo nas rochas, uma pergunta pairava sobre a cabeça de todos antes de entrarmos na água. Será que há tubarões por aqui? Não parecia que eles estavam ao redor, mas quem vai saber?
Luke Hynd deixa sua marca. Como analogia para nossas vidas, nossa curta passagem pelo deserto foi apropriada, escreveu Sparkes. “Como na vida, tudo o que podíamos fazer era nos maravilharmos com a beleza acidentada daquele país surreal, antes de cairmos fora como inquilinos temporários que éramos. No tempo geológico, nossa residência na terra é semelhantemente breve, pois somos apenas convidados e precisamos nos agarrar enquanto pudermos à beleza da vida“.
As ondas estavam protegidas pelo filtro da distância e pela complexibilidade dessa viagem. O isolamento e inacessibilidade da paisagem, assim como os sábios cactos com seus espinhos, protegem esse local dos forasteiros.
Além disso, alguns picos pareciam incríveis a distância, mas ao nos aproximarmos acabavam por não serem tão interessantes assim. Mais uma ilusão sutil neste jogo intrigante do deserto.
Para um cara que não surfa em muitos campeonatos (embora ele possa se sair bem) Louie Hynd com certeza conhece os critérios de velocidade, potência e fluidez da WSL para surfar as partes mais críticas das ondas.
“Era um cenário convidativo”, escreveu Dave Sparkes. “Os rapazes arrebentaram as ondas com várias manobras progressivas e invertidas de rabeta. As rabetadas de backside de Louie Hynd jogavam a água pra cima que brilhava como faíscas de ouro antes do anoitecer chegar e deixar tudo escuro novamente”.
The Search…

Embora aparentemente vazio, o deserto nunca é desprovido de vida. Vida dura, espinhosa e resistente à seca. Cactos comandam o espetáculo. Cactos de todas as formas e tamanhos possíveis. Dentro desta região árida, há uma grande variedade de paisagens.

Planícies dominadas por espécies singulares de agave e encostas montanhosas pontuadas com árvores bizarras, que criam uma impressão verdadeiramente alienígena.

Há também áreas com rochedos, transformados em composições deslumbrantes e cactos que crescem majestosamente entre rochas com tamanho de uma casa. Elas parecem com um jardim de pedras cuidadosamente criado por um gigante sensível.

Após um dia e uma noite dirigindo pelo deserto, nosso guia local, Vicente, nos deixou numa pequena viela junto a praia. A manhã seguinte revelou ondas divertidas de quatro a cinco pés para direita quebrando junto a ponta rochosa da península.

Nosso primeiro acampamento parecia uma favela. Um grande trailer servia como sala comunitária e tendas desalinhadas formavam pequenos subúrbios em torno dela (a frágil e enrugada barraca do Dillon Perillo era definitivamente uma dessas favelas). Demorou um pouco para colocarmos ordem na cozinha. Com oito pessoas e uma enorme pilha de alimentos, você precisa de disciplina militar para organizar até mesmo as coisas mais básicas do dia como as refeições. E como estávamos longe de sermos disciplinados primeiro recorremos aos lanches, frutas e outras comidas fáceis, como uma espécie de ganha tempo antes de termos que realmente cozinhar.

 

 

Em nosso segundo dia, chegamos a uma pequena ribanceira que tinha outra boa e divertida direita quebrando em direção a uma praia de pedras.

Durante um final da tarde exuberante com uma linda luz dourada refletindo nas rochas, uma pergunta pairava sobre a cabeça de todos antes de entrarmos na água. Será que há tubarões por aqui? Não parecia que eles estavam ao redor, mas quem vai saber? Vicente não tinha conhecimento dessa onda e ninguém sabia dizer se ela já tinha sido surfada antes. Era um cenário convidativo e os rapazes arrebentaram as ondas com várias manobras progressivas e invertidas de rabeta. As rabetadas de backside de Louie Hynd jogavam a água pra cima que brilhava como faíscas de ouro antes do anoitecer chegar e deixar tudo escuro novamente.

A temperatura fria da água exigia roupas de borracha seladas durante as sessões de surf. Em terra firme, a temperatura não ficava muito atrás depois que o sol se despedia. Isso é comum em ambientes desérticos. Essa temperatura oscilante nos levou a vestir todos os tipos de roupas durante a viagem, desde gorros e jaquetas durante a noite, enquanto competíamos pela melhor posição ao redor da fogueira, até bermudas sem camiseta durante o calor implacável do dia.

Durante o reconhecimento da região em busca de novos picos, vimos uma pequena onda perfeita e cavada quebrando próxima à uma vila de pescadores, junto a um porto. Segundo Vicente, esse porto artificial foi preenchido com areia quase que imediatamente após sua conclusão. Logo depois foi dragado, e em seguida preenchido novamente com areia. As condições estavam bem pequenas naquele momento, mas o potencial era enorme se um swell maior e mais consistente encostasse durante os próximos dias.

A aparência estranha dos corpos das espécies mais bem adaptadas à aquele local nos lembrava constantemente da nossa provisória e artificial situação de sobrevivência. Fomos tropeçando pelo caminho com uma abordagem ignorante apoiada por nossas intuições e o sentimento de que não somos nada além de breves visitantes. O sucesso a longo prazo por aqui é uma pedida mais inteligente e mais elegante.

Esse lugar foi conquistando a gente como o passar dos dias. Quase que imperceptivelmente, sua beleza sutil emergia de nossas impressões iniciais de um deserto empoeirado. Aqui há uma magia discreta que se infiltra gradualmente em você. Há uma crescente valorização da existência interior por aqui, com todas as frescuras supérfluas queimadas pelo sol e rasgadas pelas pedras com suas pontas cortantes e pontiagudas.

Mas também é fascinante. Há espetaculares bosques de cactos com dezenas de espécies diferentes vivendo em meio as florestas espinhosas. A diversidade de cactos nesses bosques é surpreendente: altos, corpulentos, lisos, espirais, esféricos, com todos os tons de verde e espinhos de todos os calibres, desde finos como fios de cabelo até punhais grossos como facas afiadas. Eles são cobertos muitas vezes por flores multicoloridas e se parecem com a obra de um artista com um senso de humor maligno, mas com um olhar brilhante para o design.

Em um desses jardins aparentemente inacessíveis, notei um belo e pequeno beija-flor, quase do tamanho de uma mariposa, voando e se alimentando com indiferença junto as flores aparentemente inalcançáveis. Sua habilidade de controlar e pairar delicadamente deu-lhe acesso até mesmo às flores mais espinhosas e escondidas. Um mestre na adaptação para superar, e até mesmo enganar, os riscos recorrentes desse ecossistema.

No passado, a fogueira era o foco de atenção de uma família, muito antes do rádio, da televisão e de todas as demais maneiras de interação ou qualquer tipo de rede social. O fogo foi o primeiro entretenimento noturno, uma entidade não verbal que estimulava a conversa em vez de desestimulá-la.

Algumas das histórias contadas ao redor da fogueira do acampamento eram bastante animadas. Oito homens no deserto sempre ficarão irreverentes e estridentes após algumas cervejas e, infelizmente, as melhores histórias deverão permanecer em segredo, ou pelo menos anônimas.

As ondas estavam protegidas pelo filtro da distância e pela complexibilidade dessa viagem. O isolamento e inacessibilidade da paisagem, assim como os sábios cactos com seus espinhos, protegem esse local dos forasteiros. Além disso, alguns picos pareciam incríveis a distância, mas ao nos aproximarmos acabavam por não serem tão interessantes assim. Mais uma ilusão sutil neste jogo intrigante do deserto.

 

 

Depois de analisarmos que as ondas próximas ao porto poderiam melhorar com a maré seca, esperamos pelo melhor momento sabendo que o vento terral iria soprar o dia todo naquele pico.

O vento maral era predominante na maioria dos picos que exploramos, mas a praia do porto oferecia boas condições de surf por ser mais abrigada. O swell tinha aumentado durante a noite e ainda parecia estar em ascensão. Fiquei feliz em não saber o que ia acontecer… A falta de sinal de telefone ou internet tinha sido, a meu ver, uma dádiva de Deus. Poderíamos estar pesquisando online, mas era muito melhor estar realmente por conta própria e tomar as decisões baseadas no que víamos e sentíamos deixando de lado as previsões da Internet.

Quando chegamos ao píer as condições estavam incríveis! Rory, o cinegrafista, desapareceu mais uma vez, como costumava fazer sempre que buscava ângulos diferentes. Ele sumia completamente poucos minutos após avistarmos algum pico com potencial para o surf. Quando nós parávamos para conferir as condições em qualquer lugar ele sumia. Sabíamos que ele estava no topo de alguma montanha distante tentando capturar aquela cena que todo surfista sonha em ver… Linhas perfeitas quebrando sem ninguém por perto. Comecei a suspeitar que ele conseguia se teletransportar, porque às vezes andava centenas de metros em cerca de quatro segundos.

As séries começaram bombar e a sessão teria sido épica se as ondas estivessem um pouquinho maiores. Eu sabia que aquelas condições já estavam bem divertidas, mas tinha que admitir que era um daqueles momentos que “se tivesse um pouquinho maior”…

Nesse final de tarde, antes de anoitecer, algum gênio sugeriu que fossemos dar uma olhada em outro pico, que parecia ter potencial alguns dias antes, mas que precisava de um pouco mais de swell para funcionar de verdade.

Rodamos por aproximadamente uma hora tomando algumas cervejas geladas, mas ao chegarmos nada de especial estava nos esperando. A direção daquele swell não parecia ser a ideal e decidimos voltar ao nosso acampamento para desmontarmos as barracas e seguirmos em frente.

Ficar atolado é apenas uma das roubadas que as pessoas sempre passam por aqui. Elas ficam presas na areaia, ficam sem combustível, sem comida, sem café ou sem cerveja… O que pode ser pior do que isso? Ah sim, quando elas morrem. – Dillon Perillo

No meio do caminho nossa enorme caminhonete F350 atolou no meio da praia e afundou completamente na areia molhada. O que pensávamos ser apenas areia molhada havia escondido essa lama traiçoeira, e com as rodas girando em falso, notamos que a coisa era pior do que areia movediça.

Começamos a recorrer a todos aqueles ineficazes procedimentos padrão: murchar os pneus; empurrar o carro todos juntos; cavar em volta das rodas, etc. Os pneus giravam em falso produzindo jatos de lama e areia. O veículo era muito pesado e havia realmente afundado. As ondas estavam começando a chegar nas portas e a ajuda estava a muitos quilômetros de distância.

Depois de muito esforço, pensei. “Bom pelo menos isso vai dar uma boa história. Trata-se apenas de um carro alugado e ainda bem que fizemos o seguro”. Comecei a tirar fotos enquanto os outros continuavam ocupados numa tarefa tão impossível quanto acertar a lua com um estilingue. Neste momento, Dillon lembrou de ter visto outra grande caminhonete com tração nas quatro rodas em uma caravana pouco tempo antes de atolarmos. Ele voltou com ajuda. Cuidadosamente um senhor tirou nossa caminhonete pequena do atoleiro e logo tentou fazer o mesmo com a caminhonete grande. Santo Tony!

Proveniente da Columbia Britânica, Tony, um senhor gente fina de uns 70 anos de idade estava tranquilo com sua família quando foi envolvido em nosso pesadelo. Ele se ofereceu para tentar tirar a outra caminhonete com o seu poderoso veículo quatro por quatro, mas em poucos segundos também ficou atolado. A dinâmica da situação mudou num piscar de olhos. Em vez de quatro imbecis espirrando lama para todo lado, de repente ficamos atormentados com a culpa de termos arruinado a vida deste pobre senhor. Com seu único bem valioso atolado naquela roubada que tínhamos colocado ele e com a maré cada vez mais alta, ver aquele homem com problema nas costas e tudo mais tentando inutilmente cavar em volta dos pneus atolados do seu veículo de US$ 50.000 fez nosso coração partir.

“Ficar atolado é apenas uma das roubadas que as pessoas sempre passam por aqui. Elas ficam presas na areaia, ficam sem combustível, sem comida, sem café ou sem cerveja… O que pode ser pior do que isso? Ah sim, quando elas morrem. Quanto à nossa caminhonete, ela era apenas um carro alugado, portanto para mim estava tudo bem deixá-la ali na praia e seguir em frente”, Dillon disse secamente. “O problema é que trouxemos esse pobre senhor para cá e o ajudamos a atolar sua caminhonete também”.

Algumas horas depois, Chimpsy e Vicente retornaram… com reforços! Eles voltaram ao nosso último local de acampamento, onde haviam alguns outros campistas.

Incrivelmente, eles eram totalmente do tipo “a gente conseguer”, e tinham aqueles grandes macacos hidráulicos que ajudaram bastante. Parecia que eles tinham acabado de sair de um teste para o seriado “MacGyver”.

Eles tinham pás, luzes, planos. Eles davam as ordense nós fazíamos tudo o que eles pediam. Cavamos, lutamos e nos arrastamos na lama. Motivados pela situação do Tony, trabalhamos como loucos. Por volta da 1h da madrugada, finalmente conseguimos recuperar os dois carros. O olhar no rosto do velho Tony fez a vida parecer muito especial naquele momento. Agora podíamos sair daqui não apenas vivos, mas com nossa culpa apaziguada. Era hora de voltar para casa.

 

 

Encontramos ondas de qualidade nessa viagem, mas descobrimos muito mais sobre nós mesmos.

Os extremos daquele ambiente significavam que somente as adaptações mais perfeitas sobreviveriam. Com nossa falta de preparo para enfrentar aquele árido local, fomos reduzidos à nossa insignificância em comparação com aqueles que realmente pagaram o preço da adaptação.

Como na vida, tudo o que podíamos fazer era nos maravilharmos com a beleza acidentada daquele país surreal, antes de cairmos fora como inquilinos temporários que éramos. No tempo geológico, nossa residência na terra é semelhantemente breve, pois somos apenas convidados e precisamos nos agarrar enquanto pudermos à beleza da vida. Assim como aquele esperto beija-flor, que criou seu caminho entre os espinhos com astúcia e artimanha, nós também devemos ler as entrelinhas. Temos que brilhar intensamente como seres incandescentes que somos, antes de baixarmos nossas cabeças e fazermos nosso digno retiro ao espaço celeste.