Nada representa melhor a Rip Curl do que o The Search…
No final dos anos 80, com uma visão bem estabelecida para a empresa, Brian e Claw estavam tentando articular o que seria o significado ideal da Rip Curl.
“Estávamos procurando uma maneira de descrever nós mesmos para surfistas e consumidores, que ilustrasse quem realmente éramos como um grupo”, disse Brian. “Como sempre fomos e como gostaríamos de continuar sendo como parte da Rip Curl”.
O mundo mudou em um curto período de tempo, desde que a empresa foi criada em 1969. O movimento hippie dos anos 60 rejeitava a guerra e o consumismo, quando jovens embarcaram numa revolução contra os valores de uma geração anterior. Em 1967 as pranchas de surf ficaram radicalmente menores e diminuíram de nove para sete pés ou ainda menores. Bandas como The Beatles e Rolling Stones e revistas como a Rolling Stone e Tracks refletiam e lideraram novas atitudes.
A onda de mudanças sociais agradou os surfistas e encorajou muitos a viver uma vida de viagens e aventura. A década de 70 consolidou essa nova liberdade, com muitos surfistas mudando-se das cidades para as fazendas, ou em casas construídas em árvores, um estilo de vida defendido por filmes como “Morning of the Earth”, de Alby Falzon.
Em 1973, o Bells Easter Rally se tornou Rip Curl Pro, pois até os hippies perceberam que era aceitável se expressar durante um campeonato e ganhar alguns dólares para a festa depois do evento!
Os anos 80 marcaram o início do apetite pelo excesso, ganância e crescimento acelerado do hedonismo. Bermudas fluorescentes aterrissaram nas praias e a Associação dos Surfistas Profissionais assumiu o surf competitivo no planeta. Campeonatos se transformaram em pontos e dinheiro.
Neste momento, Brian e Claw tiveram diversas discussões filosóficas sobre a cultura do surf. Sempre adiante dos demais e com uma visão para posicionar a Rip Curl junto à rápida aproximação dos anos 90, eles decifraram alguns sinais.
Sumbawa 1991: Da esquerda para direita: Francois, Bagman, Marty e Robert Wilson (ao fundo)
“Nós pensamos que, após uma década de ganância e dinheiro durante os anos 80, as pessoas pudessem rejeitar isso nos anos 90 e, de alguma forma, retornar aos valores dos anos 70”, disse Brian. “E por trás disso, nós acreditávamos, genuinamente, que o verdadeiro espírito do surf, o comportamento dos surfistas e o que eles realmente queriam, não mudaram muito”, acrescentou Claw.
Naquele momento os dois procuraram testar essas idéias com ajuda de editores de revistas de surf ao redor do mundo. Eles acreditavam que os jornalistas especializados, através dos leitores das revistas de surf, estavam em contato com o que se ouvia nas praias ao redor do mundo. Entre outros, eles falaram com Steve Pezman e Jeff Divine, da Surfer; Bob Mignona e Larry “Flame” Moore, da Surfing; Bruce Channon e Hugh McLeod, da Surfing World e Garry Dunne, da Tracks e encontraram uma visão em comum do que viria nos anos 90.
Em 1991, a empresa reuniu os principais executivos globais durante uma viagem de barco para Sumbawa, na Indonésia. Estavam presentes representantes das três principais regiões da empresa, incluindo Austrália, Estados Unidos e Europa. A bordo estavam Brian e Claw, o fundador europeu, François Payot, os australianos Grant Forbes e Rohan “Bagman” Robinson, além de Marty Glichrist, da Califórnia, e Robert Wilson, de Bali.
O The Search Nunca Termina…
“Aquela era uma idéia de aventura, em busca de ondas perfeitas, tomando algumas cervejas e batendo papo durante a noite, antes de dormir, para começar tudo novamente no dia seguinte. Era assim que vivíamos nossas vidas”
“Aquela era uma idéia de aventura, em busca de ondas perfeitas, tomando algumas cervejas e batendo papo durante a noite, antes de dormir, para começar tudo novamente no dia seguinte. Era assim que vivíamos nossas vidas”, contou Brian. “Essa era a essência da Rip Curl. Nós precisávamos refletir isso em uma campanha. Tudo o que precisávamos era de um nome”, complementou.
Visando o surf perfeito e a privacidade que acontece durante uma viagem de barco, o nome “The Search” ficou definido para resumir o que eles queriam dizer. “Foi perfeito. Sempre estivemos no The Search”, adicionou Brian.
“Apenas não sabíamos como chamar antes dessa viagem!”, concluiu.
Retornando à Torquay, eles sabiam que estavam na direção certa. Derek Hynd, um dos colaboradores, que passava mais tempo dentro d´água, ajudou a alinhar com os fotógrafos a concepção para idéia do “Search Sessions”. O projeto de um ônibus com jovens surfistas ao longo da costa, com garotos e garotas surfando nos picos locais e fazendo festa durante a noite, gerou o conceito do “Grom Search”, uma série de eventos, que continuam sendo realizados até hoje.
Primeira expedição do The Search durante viagem para Macaronis: Da esquerda para direita: Frankie, Davo, Brian, Claw, Byron, Sonny e Curren.
O primeiro anúncio apresentando uma nova logotipia “The Search” foi publicado em fevereiro e março na revista Tracks de 1992. Eles tinham aprendido o valor de uma boa comunicação alguns anos atrás, enquanto exibiam filmes de surf em diversos locais da costa australiana.
Os anúncios de ondas perfeitas do “The Search” continuaram sendo usados, representando – através de fotos incríveis – uma conexão imediata e comum entre surfistas ao redor do mundo. Crianças, garotos, garotas e surfistas mais velhos, não importava a idade, todos sabiam qual era o sentimento que aquelas imagens de sonho transmitiam.
O primeiro filme, do diretor Sonny Miller, foi o “The Search – Uma jornada pelo Oceano Indico” e foi lançado através de lojas de surf em todo mundo, que junto com outros diversos filmes dele, tornaram-se uma série que continua encantando até os dias atuais.
A campanha continuou fortalecendo a marca durante muitos anos e vem sendo uma fonte constante de inspiração e comunicação de marca até hoje.