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O Trem de Carga

Welcome to the Search for a wave unlike any other… barrelling down the line at freight train speeds, folding into the sand bank with more force than imaginable. Join Luke Hynd, Tim Bisso and Gearoid McDaid on their journey to find it, and conquer it.
A desolate land emptied of everything but dust and an endless road. For decades many thought this was a road to nowhere… but things have changed.
This road not only takes you across the desert and the dunes, but it leads you straight to a wave that seems almost too good to be true.
The view, when you pull up in your 4WD – if you make it, that is – is surreal.
The wave doesn’t break – it folds, almost like a boat wake on a lake’s edge. And when it’s just the right swell size and direction, it folds onto the sand in a perfect barrel.
When Gearoid McDoid, Tim Bisso and Luke Hynd pulled up and saw this on day one of the forecasted swell, there was no stuffing around on the beach.
The paddle out, although one of the shortest in the world, is also one of the most dangerous in the world. Lines come side on threatening to pummel you into the sand, less than a foot below. So despite the rush to get out and into the barrel, the boys were cautious. In a situation like this, timing is everything.
Louie pulled in first. As a goofy-footer, this place is what his dreams are made of. It’s been on his bucket list for a long time, and he wasn’t about to waste any time in ticking it off.
The drop is one of the hardest parts of mastering this wave, or even beginning to understand it. Like a freight train barrelling down the line, the wave stops for no one – and you’ve got to know exactly when to hop on. Here’s Tim Bisso, putting on a demonstration.
What is hard to comprehend is not only the speed of this wave, but also the depth. Luke, here, is outrunning a barrel that would send him head first into the sand bank just below.
Gearoid McDaid, the Irishman of the group, had also dreamt of this wave for quite some time. Most goofy-footers, if they believe they have the skill to handle a wave like this… they’d give their right arm for a chance to surf it.
On one of the first waves of the day, Tim Bisso felt the real wrath of the wave, dislocating his shoulder and putting him out for the rest of the trip.
“You look at it and you see these visions of you riding inside the barrel having the best time of your life. But ten seconds later the barrel has doubled up below sea level, and you are trapped in a nightmare on a dry sand bottom”
The others, however, were more fortunate.
They spent the remainder of the day – the smaller day of swell – dropping in and racing at a pace they’d only ever dreamt of.
Hiding behind thick walls of water, escaping the harsh glare of desert in the afternoon.
Trying to outrun a wave that runs for over two kilometres is no easy feat, but that didn’t stop Louie and Gearoid from trying.
“This is a deceivingly difficult wave. At four foot you might think it looks perfect – easy, even – but it’s fraught with a whole lot of dangers.”
By the end of the day the boys could barely walk back to the car, from sheer exhaustion – no less manoeuvre the pack of sea lions that call this part of the desert home.
Night fell, and the boys slept – full of anticipation for what day two was going to bring.
And day two, well, it didn’t disappoint. Louie and Gearoid woke to a beautiful, clear and stunning day. It was freezing, with eight-foot sets and 10-foot sneakers absolutely spinning down the coast, farther than the eye could see.
Maybe let that one go…
“It was churning itself inside out, and a lot of the bigger waves weren’t even surfable. But it was a sight to behold.”
From sun up to sun down it was lap upon lap, barrel upon barrel. This is the magic of this place, and when it turns on, it’s unlike anything else.
Louie, who did more laps than anyone, could barely stand by the end of the day. That’s what this place does – it gives you everything, but you have to be willing to sacrifice. With Bisso, it was his shoulder – with the other, it was their stamina.
“I think after surfing from the crack of dawn to almost pure darkness I would have paddled and walked around 30 kilometres each, probably further.”
As the sun set over the water the boys knew the swell was going to leave overnight. The trip was over. They’d accomplished their mission.
And even though Bisso may have been knocked out early, it was still one helluva trip for him. To just witness the sheer velocity and power of this wave is unlike anything else in this world.
The next day, in the middle of what felt like an entirely different planet, the team packed up and left.
The journey home is just as difficult as the journey to the wave… but the reward for overcoming these challenges can’t even be compared. And that’s what the Search is all about.

“Minha paixão na vida é encontrar os melhores point breaks do mundo, e combiná-los com as melhores ondulações que o oceano pode oferecer.” – Ted Grambeau

Esta é a explicação do fotógrafo Ted Grambeau quando algumas semanas atrás ele se encontrava em uma remota região do africano, arrepiado com o nascer do sol, com a persistência da névoa e com as linhas intermináveis de tubos quebrando. Todos os surfistas sonham com essa visão – apenas alguns têm a sorte de vivenciá-la.

“Eu vi um mapa meteorológico outro dia e as condições pareciam promissoras para esta região. Entretanto, a ondulação ainda estava um pouco distante. Fiquei apreensivo. Enquanto mantinha um olho na previsão dos mapas, comecei a ver algo que parecia…. excepcional. Nessa altura, uma semana após ter visto essa previsão inicial, embarquei em um avião saindo da Austrália com destino à África. Eu estava convencido de que seria um swell inesquecível.”

Junto a Ted em sua missão estavam Luke Hynd da Austrália, Tim Bisso de Guadalupe e Gearoid McDaid da Irlanda. Louie e Gearoid já iriam para África disputar um evento do QS e estavam planejando suas próprias missões no The Search antes do campeonato começar.

“Eu já tinha reservado minhas passagens e estava no aeroporto, quando recebi o telefonema”, diz Gearoid, com seu espesso sotaque irlandês. “Não tinha ideia do que iria fazer ao chegar lá, então foi um alívio ter um plano assim tão de repente.”

Para Louie, a sucessão de eventos até essa viagem foi extensa, embora tenha sido de curta duração. “Esta onda sempre foi a número um da minha lista. Em grande parte por ser tão longa e perfeita, e como um surfista goofy, sempre estou buscando longos tubos que quebram para esquerda. Então, quando Ted me ligou, eu desliguei o telefone e reservei minhas passagens na hora. Ted não estava nem 100% confirmado ainda, mas eu estava decidido a ir nem que fosse sozinho, tudo pela oportunidade de conseguir surfar a onda da minha vida.”

A jornada em si é o primeiro teste.

Não importa de qual lugar do mundo você venha, o tempo e o esforço para conseguir surfar essa onda leva você ao limite. Mesmo durante o vôo final, pensando em como vai seguir viagem por terra até o destino final, você pensa no que ainda pode dar errado. Seja para alugar uma pick-up (que você gasta metade do dia para encontrar), ou do risco de algumas de suas pranchas não chegarem junto com você. Se tudo der certo, você começa a dirigir do aeroporto até a cidade ao longo de um lugares mais desolados do planeta.

Você começa a ver uma série de carros enferrujados, com crostas de areia, espalhados pelas dunas empoeiradas. Esses carros estão abandonados, tão profundamente atolados que tirá-los de lá seria impossível. Aqui está você, em um lugar que parece um planeta alienígena, dirigindo por um deserto de carros abandonados.

A onda quebra como um sonho real. Você olha para ela e tem essas visões de você surfando dentro do tubo, se divertindo como nunca em sua vida. Porém, 10 segundos mais tarde, o tubo dobrou de tamanho por causa de um degrau tão profundo quando o próprio tamanho da onda, e você fica preso em um pesadelo de areia sem água. Essa onda vai te derrubar, como uma montanha-russa para dentro da escuridão. É de longe uma das mais poderosas ondas que já surfei. – Tim Bisso

Dessa forma, os três jovens que não tinham nada a perder, junto com dois fotógrafos veteranos altamente determinados, chegaram nas ondas o mais rápido possível.

“Para mim, é o mais longe de casa que se pode estar”, diz Louie, “Foram muitas horas de viagem, mas vale cada minuto e cada centavo. Acordar no primeiro dia sabendo que as ondas estariam esperando, já gerava borboletas no estômago de ansiedade. Então, à medida que dirigíamos pelas dunas de areia, tive minha primeira visão da onda em toda sua glória… esse foi um dos momentos mais excitantes e surreais que já tive na vida.”

Ao entardecer, o ar fica gelado – um certo tipo de frio que você só encontra em lugares desérticos. Frio cortante. Sinistro. Uma espessa névoa do oceano quase sempre persiste ao longo da costa, proveniente das temperaturas baixas da água.

Enquanto os garotos dirigem sobre as dunas, são recepcionados por essa cena, quase incapazes de contar quantas linhas de ondas com 6 pés se aproximam da costa. Elas quebram perfeitamente ao longo da bancada, com um vento relativamente forte soprando do oceano onde correm.

“Esta onda é completamente única”, Ted explica, trazendo seu conhecimento de centenas de viagens já realizadas no The Search. “A ondulação definitivamente quebra paralela ao recorte da areia. É uma mágica coincidência da ondulação, que viaja milhares de quilômetros, encontrar uma bancada posicionada na direção perfeita para gerar um tubo sem fim…”

Imagine a marola de um barco e como a onda se desloca até a margem de um rio. Você percebe nesse pico que as linhas perfeitas da ondulação se encaixam com a parte rasa de areia. Essa onda não quebra, ela se dobra sobre a bancada, pois é gerada a milhares de quilômetros de distância em um local profundo. De repente encontra uma bancada super rasa e perfeitamente alinhada com a direção da ondulação. Quando isso acontece na maré correta, ela torna algo que parece impossível, possível.

Louie, Gearoid e Timmy não perdem nenhum tempo remando. Assim que há uma pausa entre as séries, os três encaram a curta e traiçoeira remada até a zona do drop. Veja, é tão raso, que é fisicamente impossível dar um joelhinho na zona de impacto. Junto isso as linhas paralelas que vem em sua direção e se você for pego por um onda, não há escapatória, todas as ondas da série vão te amassar na bancada.

Os garotos conseguiram varar a arrebentação sem problemas, mas não vai demorar muito para algo sair diferente do que eles planejavam. Tim Bisso explica…

“Eu cai dentro do tubo na primeira onda que peguei. Resumindo, comecei a sessão quebrando meu nariz ao acertar em cheio a prancha. Nesse momento, eu estava bem na frente de Ted e Paul Daniel, nosso cinegrafista, portanto eu sabia que tinha que pegar a primeira onda logo antes que a correnteza me tirasse de sua visão. Assim que a primeira onda veio, entrei nela de forma tardia, voei do lip e aterrissei em cima da prancha, mas o lip veio direto sobre minha cabeça. Eu bati na areia e desloquei meu ombro direito, ao mesmo tempo em que estirei alguns ligamentos do outro ombro.”

Esta é uma onda extremamente difícil. Com 4 pés você pode até imaginar que ela parece perfeita e fácil, mas é repleta de perigos.

O banco de areia é super raso e estende-se por mais de dois quilômetros. A onda passa com a velocidade de um trem de carga, ou até mais rápida. A correnteza é maciça, como se o oceano inteiro estivesse se movendo junto com turbulência que a onda deixa para trás.

“Vai levar alguns dias até eles entenderem como tudo funciona,” diz Ted, “os garotos podem ser varridos por dois quilômetros sem se quer pegarem uma onda. Então eles precisam sair e andar de volta até a zona de drop. Mesmo quando você consigue pegar uma onda, ainda tem que voltar andando pela praia por mais de dez minutos até surfar sua segunda onda. É um ciclo divertido de assistir. Pela manhã, os garotos fazem caminhadas sem hesitar, mas até o final do dia eles vão estar rastejando.

“É fácil comentar de fora sobre uma onda que parece tão perfeita, mas a realidade é que esses garotos estão dropando em um zona seca, onde a força da água draga a areia do fundo e quebra com uma força que produz um lip que tem mais água do que a própria onda. Ela é extremamente difícil e perigosa. Tão poderosa que seu tamanho é subestimado com frequência.”

Tim Bisso, que sofreu a ira da primeira onda, descreveu da melhor forma:

“A onda quebra como um sonho real. Você olha para ela e tem essas visões de você surfando dentro do tubo, se divertindo como nunca em sua vida. Porém, 10 segundos mais tarde, o tubo dobrou de tamanho por causa de um degrau tão profundo quando o próprio tamanho da onda, e você fica preso em um pesadelo de areia sem água. Essa onda vai te derrubar, como uma montanha-russa para dentro da escuridão. É de longe uma das mais poderosas ondas que já surfei.”

Mas para qualquer grande risco, sempre há uma grande recompensa. Se um surfista for realmente capaz de encarar esse nível de adrenalina, é como Timmy descreveu – é um sonho. Feche seus olhos e imagine a trituradora onda de Kirra na Gold Coast, Austrália, correndo por dois quilômetros no meio do maior deserto do mundo.

Após o primeiro dia, a ondulação aumentou, e com ela a névoa. Louie e Gearoid despertaram para um lindo, claro, formidável e congelante dia. Ondas de 8 pés, algumas chegando a 10 pés girando sem controle pela bancada.

Foi uma agitação à primeira vista, mas as maiores eram insurfáveis de tão volumosas. Porém, foi uma visão para se contemplar.

“Estávamos surfando cada onda por tanto tempo e tão longe, que basicamente não vi Louie nem sequer uma vez nesse dia,” lembra-se Gearoid.

Desde o nascer até pôr do sol, era volta atrás de volta entre uma onda e outra. “Eu acho que depois de surfar desde o raiar do dia até quase a escuridão, eu tive que remar e andar cerca de 30 quilômetros… provavelmente mais.” Lembre-se que era o sonho de Louie surfar esta onda. Ele estava disposto a se esforçar até o limite. “Perto do final do dia, eu tive que me esforçar muito apesar da dor nas costas e nas pernas para voltar até o pico. Eu sabia que poderia ser a única chance de surfar ondas como essa novamente. A recompensa de pegar a onda certa é a melhor sensação no mundo.

Louie admitiu que, embora se considerasse muito bom em tubos para esquerda, que ele não conseguiu surfar a última seção da onda em cerca de 90% das suas tentativas. E, se ele não conseguiu, poucas pessoas no planeta conseguiriam.

Esta não é uma onda para pessoas de coração fraco.

Não é um lugar que você vai embora se sentindo confiante em suas habilidades no surf. É um pico que é regido pelo oceano, pela força e velocidade de uma onda que permite alguns dos momentos mais incríveis de sua vida. É o resultado da busca no The Search. É um trem de carga como nenhum outro, colocado em uma terra tão estranha que parece um planeta distante, mas que é de tirar o fôlego.